segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Transição Epidemiológica e Nutricional

A transição nutricional é caracterizada pela ocorrência de formas graves de carências globais ou especificas, e passando a predominar as DCNT. Entram também, neste estágio, o nanismo nutricional, a idiotia iodopriva, as seqüelas esqueléticas de deficiências vitamínicas e minerais e as anemias, ressaltando a associação destas carências nutricionais com as doenças infecciosas e parasitárias. Podemos afirmar que a redução ou desaparecimento das formas graves de desnutrição energético-protéica constitui o indicativo epidemiológico do processo de transição em seu estágio inicial.
Na transição propriamente dita, ocorreu diminuição na ocorrência de endemias e manifestações epidêmicas das carências nutricionais, desapareceram os casos de Desnutrição Energético-Protéica, de carência de iodo e de hipovitaminose A. reduziu a incidência de BPN, ocorreu diminuição marcante da mortalidade infantil em especial por doenças infecciosas. Com a queda da mortalidade e da natalidade, prolongou-se a expectativa de vida.
O terceiro estágio seria representado pela correção do ‘déficit’ estrutural resgatando-se o potencial genético do crescimento humano. Evidencia-se uma outra característica desta época: a instalação do sobre/peso/obesidade. Esta etapa da transição nutricional corresponde à construção de um conjunto de co-morbidades reunidas em torno de fatores comuns de risco: o diabetes mellitus, principalmente do tipo 2, as doenças cardio e cerebrovasculares e alguns tipos importantes de neoplasias, como o câncer de mama, da próstata, do cólon e do reto e doenças osteoarticulares. Estima-se que as DCNT poderiam ser reduzidas com a prática da alimentação e estilo de vida saudáveis, como a ingestão diária de 450 a 700g de frutas, verduras e legumes, redução do consumo de sal, de gorduras animais, ácidos graxos na forma trans, de açucares industrializados e de excedente calórico da dieta, alem da promoção de hábitos saudáveis como o controle do tabagismo, do alcoolismo e do sedentarismo.
As formas graves e clássicas de desnutrição infantil, praticamente desapareceram em quase todas as regiões do Brasil. Nas décadas de 60 e 70 do ultimo século, esses quadros eram ainda freqüentes, principalmente no Nordeste e no Centro-Norte do Brasil, em que até 80% das internações pediátricas eram de portadores de desnutrição grave. Já na década de 90, era muito difícil de encontrar crianças hospitalizadas com desnutrição. No ano de 2003, a taxa de internações por desnutrição na rede de hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) era de 3,08%, caindo para 2,41% em 2004 e para 1,86% em 2005.
Nos últimos anos, a incidência do BPN, que esta diretamente relacionado as inadequadas condições nutricionais e do estado de saúde das mães no decurso da gravidez, reduziu-se pela metade. Entre 1970 e 1980, a ocorrência de BPN prevalecia nas regiões pobres (Norte e Nordeste), atingindo aproximadamente 12% dos nascidos vivos. No entanto, no final da década de 1990, registrou-se uma surpreendente alteração no quadro geográfico do evento, que passou a ser prevalente nos espaços mais desenvolvidos do Sudeste e Sul, às custas, principalmente, de um aumento da prematuridade. Essa mudança inesperada representa um dos aspectos mais instigantes da transição epidemiológica e nutricional do pais.
A propósito, um estudo realizado no período de dez anos no município de Olinda, PE, revela que a incidência de BPN apresentou redução de 47%, entre 1991 e 2002, ao mesmo tempo em que os casos de prematuridade tiveram uma elevação na sua ocorrência, quase 80%. Seria essa duplicidade de tendências que estaria ocorrendo no bloco Sul-Sudeste? Seria o primeiro registro de um novo comportamento epidemiológico, com marcantes implicações na saúde e nutrição das crianças brasileiras, considerando que a cidade de Olinda se identificaria mais com as populações meridionais do Brasil mais desenvolvido do que as regiões Norte e Nordeste?
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Alunos:
Paula 191.479
Tamara 191.481
Thais 191.485
Luiz 191.469

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